terça-feira, 30 de junho de 2015

Análise geográfica de disponibilidade de lazer


A própria prefeitura do Rio disponibiliza informações que indicam os problemas.

Utilizando tecnicas de Geoprocessamento automatizado, onde mapas são comparados e geram resultados mensuráveis, e dados públicos de uso de solo e de limites geográficos de bairros da cidade, ambos disponibilizados pelo IPP (Instituto pereira Passos) com referência ao ano de 2012:


Mapa de Uso de Solos, onde indica o que há em cada bairro e a metragem utilizada
 
Mapa com os limites de bairros e lotes.

Fontes dos mapas:
 http://portalgeo.rio.rj.gov.br/mapa_digital_rio/?config=config/ipp/usosolo.xml
 http://portalgeo.rio.rj.gov.br/mapa_digital_rio/?config=config/ipp/basegeoweb.xml


Foi possível avaliar bairro a bairro da cidade do Rio de Janeiro com relação ao total de área residêncial e a respectiva área de lazer disponível. As conclusões indicam que principalmente a Área de Planejamento 3, na zona norte da cidade, são as menos favorecidas com estruturas básicas de lazer,  mesmo em bairros predominantemente residenciais.

As áreas de Planejamento do Rio de Janeiro, segundo a Prefeitura do Rio.


A Área de Planejamento 3 é descrita no Plano Diretor da cidade, que rege o desenvolvimento urbano do Rio,  como a "Macrozona de Ocupação Incentivada - é a Zona Norte, o Subúrbio e parte do Centro. Aqui, a ocupação será estimulada, principalmente nas áreas já dotadas de infraestrutura, mas que nos últimos anos sofreram esvaziamento e deterioração", porém as indicações de estimulo a ocupação na área não refletem uma politica pública eficiente no que tange a áreas de lazer:

Podemos observar que Ramos está entre os 25 piores bairros, entre o total de 162 bairros cariocas, em disponibilidade de área de lazer, quando relativizamos área residencial e área disponível para lazer em m². Uma curiosidade: Os bairros da Lagoa e da Glória tem mais áreas destinadas ao lazer do que área residêncial.

De 2012, data da informação do mapa disponibilizado pelo IPP, até 2015, a Prefeitura acertou com o Parque Madureira que melhorou o indicador de Osvaldo Cruz, e com a área de lazer do entorno do Estádio João Havellange que melhorou o indicador do Meier, bairros mapeados entre os piores na relação área residencial / área de lazer.
Ao mesmo tempo a Prefeitura errou com a Transcarioca em Ramos, que também estava ruim no ranking e piorou consideravelmente, com o uso integral ou parcial das áreas de lazer do bairro como parte do trajeto do corredor BRT:






segunda-feira, 22 de junho de 2015

Em 2016: Olimpíadas no Rio de Janeiro e 130 anos do bairro de Ramos


Ofuscado pelo evento olímpico, ano que vem Ramos fará 130 anos! Mas este aniversariante tem motivo para festa? Resgatemos o aniversário de 102 anos:


Em 1988, esta era a manchete do Jornal de Bairros do Jornal O Globo
Apesar da baixa qualidade do original, chama a atenção que o subtitulo fala da violência no bairro. Alguém consegue identificar um tema mais atual? Desordem urbana, violência e inversão de valores fazem parte de nosso dia-à-dia.

Última festa de Ramos:


No que evoluímos de 1988 para cá? Foi feita a Transcarioca, inserindo mais mobilidade, mas a que custo aos moradores do bairro? Retratos de violência vem sido feitos na mídia pelos usuários do sistema, onde assaltos e arrastões se tornaram recorrentes:

http://oglobo.globo.com/rio/homem-esfaqueado-dentro-de-onibus-do-brt-durante-assalto-na-estacao-de-olaria-16491324#ixzz3dWaLwxfA

Mas sim! Tivemos uma grande festa de inauguração com a presença da Presidente Dilma no bairro! Para inaugurar o viaduto Renatinho Partideiro:

A festa de inauguração em junho de 2014, SOBRE o viaduto Renatinho Partideiro, em Ramos (Fonte: Site do Planalto - Divulgação Oficial)
Muito embora, para a população de Ramos, a festa tenha sido retratada assim:

Não havia motivo para comemoração SOB o Viaduto Renatinho Partideiro enquanto a festa rolava acima dele.

Mesmo um ano depois da inauguração da Transcarioca,  Ramos ainda não tinha o que comemorar:


Um ano depois, a prometida praça ainda é um terreno baldio, que serve de estacionamento, dentre outros usos não voltados ao lazer no bairro. Algumas mudas de arvores, que volta e meia são atropeladas, foi a unica intervenção feita pela Prefeitura do Rio.


O que acham dificil de enxergar?



Enquanto se vangloriam de que o Parque Madureira é a área de lazer para a Zona Norte, esquecem da dimensão geográfica desta, privando a zona da Leopoldina que dista quilômetros deste parque, de ter as suas crianças brincando saudavelmente:

http://extra.globo.com/noticias/rio/moradores-de-ramos-na-zona-norte-do-rio-ficam-sem-area-de-lazer-apos-obras-do-brt-15961591.html

Mas lembram de registrar quando a falta de opções se manifesta:

http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2015/01/imagens-mostram-criancas-brincando-no-meio-da-pista-do-brt-no-rio.html

Será que é tao difícil ver o obvio? As necessidades da população carioca desta região? A observação do repórter deixa evidente o que é constrangedor a um gestor público:

http://globotv.globo.com/rede-globo/bom-dia-rio/v/avenida-brasil-vira-area-de-lazer-durante-interdicao-das-pistas-no-feriado/3298809/

Nada mais surpreende: o abandono, a destruição e os projetos que só servem de noticia para reeleições:

http://odia.ig.com.br/portal/rio/um-final-feliz-para-cinemas-de-rua-1.415062

Enquanto isto, vivemos as portas de um aumento de gabarito, onde tentar-se-a aumentar as alturas dos prédios construídos no bairro, para que mais pessoas no Rio possam passar a privação de seus direitos básicos constitucionais de lazer e cultura:

http://vejario.abril.com.br/materia/cidade/projeto-quer-atrair-investimentos-de-1-bilhao-de-reais-para-a-zona-norte/


Perguntamos: qual investidor investirá em uma área onde até a Prefeitura já desistiu de investir? Sem Lazer, sem Cultura, sem Ordem Pública. Quem investirá este 1 bilhão de reais? Quais os atrativos desta região, depois que o BRT se mostrou um meio de transporte de violência entre os bairros?

Durante o grande desenvolvimento imobiliário que se viveu de 2010 a 2014, onde obras surgiam uma atrás da outra em bairros como Barra da Tijuca, Grande Tijuca e Zona Sul, onde as condições econômicas eram viáveis para este investimento: Ramos registrou um? dois prédios no bairro todo? E agora? Com o desaquecimento da economia? A quem a AEIU interessa?

O que interessa atualmente a população de Ramos está mais do que claro: Lazer, Cultura e Ordem Pública! Uma pequena fração do Legado Olímpico abundante em outros bairros.