domingo, 22 de junho de 2014

Transcarioca 2

Desta vez passei pelo bairro de Olaria, na Rua Ibiapina na direção da Rua Uranos. Para quem não sabe onde é, está aí o mapa do trecho que percorri:




É a primeira vez que vejo uma faixa simplesmente sumir!

Adeus a via binário da Leopoldina:

 Depois da obra da Transcarioca a zona da Leopoldina deu adeus a via binária que faria a ligação da Penha até Benfica, parte da obra bancada com recursos do PAC do governo federal que incluiu até a construção de um elevado para os trens do ramal Saracuruna em Manguinhos.
A Rua Leopoldo Bulhões ligaria a Rua Uranos e a Ibiapina com pistas separadas para cada mão.
Em uma ação de oportunismo enterraram o projeto ocupando integralmente a pista que margeava o trilho do trem (Ruas Etelvina e Vassalo Caruso), únicos trechos da binário que vinham sendo utilizadas. Grande parte da obra ainda está empacada em Manguinhos, mais de uma ano depois da "inauguração" com a Presidente Dilma.

O funil:

Mesmo com esta ocupação, mais uma vez a Transcarioca ocupou uma rua dos bairros da Leopoldina na base do empurra que vai. O espaço insuficiente n a Rua Ibiapina, sentido Rua Uranos, demonstra que não foram feitras mais uma vez as desapropriações decretadas, O dinheiro acabou fazendo bonito no trecho 1 (Barra e Jacarepaguá) e fizeram de qualquer forma no trecho 2, como demonstrado no meu post anterior sobre a Transcarioca.

No vídeo, além das denuncias feitas no Bom dia Rio, que não foram resolvidas (vejam que a escada de madeira continua na calçada, para que o morador possa acessar sua casa), é possível ver no final que uma faixa converte para uma rua residencial e a principal segue por uma curva afunilada.

Denuncias no Bom dia Rio:
http://globotv.globo.com/rede-globo/bom-dia-rio/v/moradores-de-olaria-nao-conseguem-andar-nas-calcadas-por-causa-das-obras-da-transcarioca/3308949/

Viva você a experiência de dirigir nesta pista entregue pela Prefeitura:

Estas imagens foram feitas em um domingo, as 14hs, "hora da siesta", e por isto está vazio. Varios colaboradores do blog disseram que está "faixa que some" está gerando engarrafamentos absurdos, ainda mais considerando que a Transcarioca ainda não tem data para inauguração na região.




terça-feira, 17 de junho de 2014

Transcarioca

Impactos da Transcarioca no bairro de Ramos


Muito se vem falando sobre o impacto que a Transcarioca vem causando aos subúrbios cariocas, com a proposta de transporte rápido e urbanização do  entorno de seu trajeto, mas esta não foi a realidade no bairro de Ramos.
Quando do lançamento do projeto Transcarioca, o trajeto original previa apenas a ligação da Barra da Tijuca até a Penha, atendendo assim o antigo projeto T5 (Transversal 5). Entendendo a falta de opção de transporte do Aeroporto, este trajeto foi complementado para seguir um pedaço do antigo T4 (Transversal 4), incluindo Olaria, Ramos e Ilha do Governador. Esta inclusão foi planejada utilizando a Estrada do Engenho da Pedra, que mais uma vez teve seu trajeto alterado devido a discordância da população local.
Como fruto de tantas alterações, o projeto foi cada vez mais encurtado em seu planejamento, resultando em um curto prazo de execução.
O bairro de Ramos então acabou sendo o ultimo a ter a obra, pelo menos do trajeto, concluído para a inauguração no mês de junho. Este prazo apertado teve consequências para os moradores do bairro.

Qualidade e prazo:

Para que o prazo de inauguração se cumprisse, alguns problemas foram aparecendo. Enquanto saiam reportagens falando que trechos do concreto estavam rachando e trincando durante o trajeto, em Ramos nem concretaram a via do BRT. O antigo asfalto que já atendida a Rua Cardoso de Morais, mesmo que não preparado para esta carga extra, agora segue como parte do trajeto sem a característica segregação de pistas.


Cruzamento da pista do BRT com a Rua Cardoso de Morais

O peso do ônibus sobre o velho asfalto é preocupante


Praças e ruas ocupadas


Muitas árvores e praças foram retiradas para permitir também a passagem da Transcarioca, e muitas não foram repostas. As quadras existentes na Travessa Viúva Garcia e na Rua Teixeira de Castro, na saída da Av. Postal, deixaram de existir e a Praça Mourão Filho teve seu tamanho reduzido à metade. Uma área carente de lazer, a perda de três espaços destinados a este fim causou grandes perdas.


A quadra tamanho society foi reduzida a uma quadra pequena. A Praça perdeu suas arvores e agora só há concreto.


Para tentar compensar a derrubada de arvores no trajeto, a Prefeitura anunciou o plantio de varias mudas para repor, porém tudo que se vê é concreto sem uso definido, com vasos e arvores incompatíveis entre elas e sem terra. Até a grama foi plantada diretamente sobre entulho, quase como varrido para debaixo do tapete.

A grama foi colocada sobre o entulho da obra na Av. dos Campeoes, para esconde-lo


As palmeiras foram plantadas em vasos sem terra, mesmo com tanto espaço para planta-las diretamente no chão


Um grande espaço vazio e sem uso entre a descida do Viaduto Renatinho Partideiro e a Rua Cardoso de Morais


As ruas residenciais também foram descaracterizadas, onde a Transcarioca representa mais risco que benefício a população local. A Rua Emilio Zaluar, apesar de ter um lado integralmente declarado como desapropriado por decretos da Prefeitura, para alargar a rua para a passagem do BRT, não seguiu com o processo de desapropriação, colocando os moradores em risco. A pista deixada para o uso dos mesmos acessarem suas casas não permitem a manobra dos veículos, forçando-os a ficarem atravessados na pista segregada para entrarem e saírem de suas residências.

Motoristas manobrando, vasos e postes no caminho do pedestre e do BRT, na Rua Emilio Zaluar


O pequeno espaço de manobra põe moradores e usuários do BRT em risco de acidente


Até mesmo empresas na Rua Emilio Zaluar, que utilizam caminhões, são forçadas a manobrarem seus veículos dentro das faixas exclusivas, alertando a todos da forma que é possível.


As fabricas locais fazem o trabalho de sinalização

Os que perderam suas garagens utilizam das calçadas para seus veículos, porém não somente estes carros tornaram-se obstáculos. As finas calçadas, com vasos de planta, placas e fios elétricos impelem o pedestre a se arriscar na rua.

Pedestre desvia dos obstaculos, arriscando-se nas ruas e faixas segregadas
A fiação da rede elétrica solta impede o uso da calçada na Rua Emilio Zaluar e é um risco constante de choques e morte.


Demanda local de transporte

Foi construída uma enorme estação de integração do sistema na Av. dos Campeões, entre a Rua Emilio Zaluar e a Av, Teixeira de Castro, porém não há demanda nesta região, enquanto que na Passarela 10 da Av. Brasil, popularmente conhecida como Caracol, existe um ponto de ônibus com maior circulação de pessoas da Av. Brasil com destino ao Aeroporto.

Não bastando a ausência de uma estação, foi colocada uma passarela provisória, denotando a falta de planejamento, para que estas pessoas que tem destino ao Aeroporto atravessem a pista da Transcarioca e possam andar quase 1 quilometro até esta enorme estação de integração

À beira do ponto de onibus da passarela 10, a Transcarioca somente passa sem oferecer integração

Assim como na estação de integração, o espaço disponível sobre o rio possibilitaria a implantação de uma estação
A grande estação de integração, construida sobre o rio a quase 1 km da Av. Brasil


A passarela tem a estrutura frágil e só permite uma pessoa por vez na escada, além de ser uma grande dificuldade aos deficientes e idosos.
Em nada esta passarela lembra a grande estrutura construída na Barra da Tijuca, embora ambas sejam produtos do projeto da Transcarioca

O improviso da passarela e o uso por idosos representa risco a população local e usuários do sistema


Acabamento da Obra

O ritmo no bairro foi realmente de conclusão de obras até a inauguração, pois após isto não foi visto mais nenhum operário trabalhando no local, porém  a dita conclusão deixa muito a desejar no prometido acabamento urbanístico.

Junto ao Viaduto Renatinho Partideiro, o canteiro de obras deixou suas sequelas, seja no que já existia antes da obra, com asfaltamento de péssima qualidade da Rua Cardoso de Morais ou no sinal de pedestre tampado com concreto, ou seja na integração com o que acabou de ser construído.

O sinal de pedestres recebeu concreto durante a obra do viaduto


Usado como área de suporte de estrutura para o viaduto durante a obra, os buracos não foram asfaltados na Rua Cardoso de Morais

As muretas e muros do viaduto São Cosme e Damião não foram reconstruidos, deixando inclusive buracos na via

Não concluíram o reasfaltamento da Av. dos Campeões liberada ao transito, deixando um perigo aos motoristas desavisados.


Clima de insegurança no bairro

Algumas áreas que foram utilizadas como pátio de obras estão sendo entregues completamente vazias, sem uso claro pelo projeto da Transcarioca ou pela Prefeitura. Considerando que o bairro é margeado pela Av.Brasil, os consumidores de crack que estavam alojados na pista lateral fechada para a obra não desapareceram após a liberação para o transito. Hoje eles ocupam as ruas de Ramos, drogando-se e vivendo de furtos. De acordo com dados do ISP (Instituto de Segurança Pública), o número de roubos e furtos no bairro aumentaram 30% em relação a 2013.
As áreas vazias que ficaram entre o Viaduto Renatinho Partideiro e a Rua Cardoso de Morais, representam um risco a segurança da região. Considerando a perda de tantas praças e quadras esportivas, ainda não há confirmação de que este será o destino de todo este espaço. Uma das opções também é inclusão de um posto de policiamento ou uma delegacia no local, de forma a combater o crime local e ocupar positivamente o território desocupado.

Em amarelo, a área desocupada para canteiro de obras (Fonte – vídeo no youtube, canal Cidade Olimpica)
A área que era pátio de obra foi deixada com chão de terra, sem uso ou projeto para a população local.

Becos foram deixados paralelos ao viaduto.

Sem iluminação e sem segurança, a área poderá virar uma nova favela com ocupação irregular


Os consumidores de crack já se espalham pelas áreas entregues pela Transcarioca


Urbanismo do entorno

Apesar da garantia do prefeito que o projeto Transcarioca seria mais que a passagem de um ônibus por um bairro, que seria uma grande mudança na vida do bairro, a estação da Transcarioca implantada na Travessa Viúva Garcia não tem acesso ao outro lado de Ramos, que é um bairro cortado pelos trilhos da Supervia. Não há uma passarela construída para a travessia, e a outra que já existia a 400 metros da estação, encontra-se exatamente como antes da obra.
Hoje se alguém for fazer uso do BRT para chegar ao lado de Ramos (Rua Uranos por exemplo), após andar 400 metros terá este cenário pela frente:

Não há calçadas ao lado da estação da Transcarioca para chegar a passarela

Esta é a passarela que atenderá ao publico da Transcarioca em Ramos, para atravessar os trilhos da Supervia, com o acumulo de anos de lixo
Esta é a sinalização viária do local da implantação da Estação da Transcarioca.

Enfim, a conclusão que pode-se chegar é que o bairro ficou muito aquém das promessas políticas sobre o Projeto Transcarioca de BRT.